Se você curte carro, certamente já passou por isso: olhar para um modelo comum, simples, e imaginar o que mudaria e/ou melhoraria nele para que ficasse mais interessante, mas próximo do que seria o seu “carro dos sonhos”. Rodas maiores com pneus mais largos aqui, uma faixa aplicada sobre a pintura ali, um bom reforço no plantel de cavalos do motor, acertos na suspensão, freios… Mexidas que poderiam transformar aquele simpático e comportado carrinho que você conseguiu comprar em 64 meses e que dorme na garagem da família em algo mais emocionante, e que continuasse podendo ser usado na mesma rotina doméstica.
Pensando nisso, a Renault emplaca de vez no gosto popular, o Sandero RS Racing Spirit.
O preço, pelo conjunto da obra, agrada e muito! A partir de R$ 63.750 (no site da montadora), tendo como opcionais apenas as belas rodas Grand Prix de 17”, que saem por mais R$ 1.000. Dê uma olhadinha nas tabelas de preços e modelos da concorrência e você notará que não há nada com 150cv ou proposta esportiva semelhante por perto. Na verdade, nem a meia distância. De diferente, os acabamentos, faixas, siglas e pintura especial, além de uma plaquinha junto ao freio de mão indicando em qual das 1500 unidades da edição limitada você está sentado.
No que importa, porém, ambas as opções são idênticas: motor 2.0 16v flex, que gera os já mencionados até 150cv de potência e 20,9kgfm de torque (com álcool), câmbio manual de seis marchas, suspensão recalibrada (mais dura) e rebaixada em pouco mais de 2cm, freios a disco nas quatro rodas, bancos esportivos e controles eletrônicos para ajudar na segurança. Isso e mais uma daquelas teclinhas mágicas com “modos de condução” no console, por meio da qual se pode optar entre normal, Sport (aceleração mais rápida, motor “otimizado”) e Sport+ (a mesma otimização, mas com todos os controles eletrônicos desativados).
E tudo isso junto funciona muito bem. Dá para perceber que todos os ajustes e dimensionamentos neste RS foram feitos pensando no prazer de dirigir. Do som grave que sai pelo escapamento, à postura justinha do carro no asfalto e seu apetite por curvas, o bom banco – com poucas regulagens, mas durinho e com apoio lateral – , a direção e o câmbio justinhos e precisos, a aceleração… E é essa receita como um todo, e não seus ingredientes isoladamente, que tornam o carro tão divertido. Tanto nos raros momentos em que se pode acelerar mais, quanto na infinita maioria dos que se é obrigado a seguir o trânsito, mantendo distância do carro à frente, torcendo para quem vem atrás faça o mesmo com você. Mesmo mais rígida, a suspensão não chega a quebrar a coluna de ninguém, o isolamento acústico é bom, o painel muito simples, mas funcional, e a condução agradável – desde que, claro, você goste de carros com personalidade e não tenha desaprendido a trocar marchas manualmente e curta aquele clac, clac dos engates, parecido com o dos antigos carros de corrida. E desde que também não esteja muito preocupado com o consumo, média na cidade, com gasolina, próxima dos 8 km/litro.
Ficha técnica:
Motor Dianteiro, transversal; 4 cilindros, 16 válvulas, Flex, 1998 cc
Potência (CV) 150 (A) / 145(G) a 5 750 rpm
Torque (kgfm) 20,9 (A) / 20,2 (G) a 3750 rpm
Câmbio Manual, 6 marchas
Tração Dianteira
Suspensão dianteira Independente, McPherson
Suspensão traseira Eixo de torção
Direção Eletro-Hidráulica
Rodas Liga leve, 16
Pneus 195/55 R16
Dimensões (m): Comprimento 4,06; Largura 1,73; Altura 1,49; Entre-eixos 2,59
Porta-malas (l) 320, Tanque (l) 50
Peso em ordem de marcha 1161 kg