Aceleramos o Renault Sandero RS: esportivo de corpo e alma

Imagine um rapaz que se veste como atleta e calça um colorido tênis de corrida apenas para caminhar até a padaria. Assim é a maioria dos modelos que, no Brasil, carregam sobrenomes como “sport” e suas derivações. A aptidão esportiva está apenas nos enfeites. Felizmente, esse não é o caso do Renault Sandero RS, que, além dos adereços esportivos, também tem um conjunto mecânico empolgante.

A alcunha “RS” não é por acaso. Esse Sandero “nervosinho” foi desenvolvido pela RenaultSport, a divisão de alta performance da fabricante, que cuida dos modelos de competição e dos esportivos vendidos na Europa. O hatch, aliás, é o primeiro carro com a assinatura da equipe a ser feito fora da Europa. E o desenvolvimento teve a participação de engenheiros brasileiros.

O RS vai além da “roupa” descolada. O motor 2.0 e o câmbio de seis marchas são os mesmos do Duster, mas foram econfigurados para dar mais performance. A transmissão, por exemplo, foi reescalonada, e as três últimas marchas ficaram mais curtas. A potência subiu para 150cv e o torque, para 20,2kgfm.

A suspensão também foi mexida. Conceitualmente, é a mesma de qualquer Sandero. Mas, por conta do motor mais pesado, as molas dianteiras tiveram aumento na carga. E a barra estabilizadora dianteira e o eixo traseiro ganharam mais rigidez.

Para controlar a animação do Sandero RS, os freios foram modificados. Os traseiros tiveram os tambores substituídos por discos — este é o primeiro Sandero com freios desse tipo nas quatro rodas. Ainda foram introduzidos o assistente de partida em rampas e os controles eletrônicos de estabilidade e tração.

Este último, por padrão, está sempre ativo. Mas pode ser controlado pelo botão “RS”, localizado no console central. Ele aciona os modos “Sport”, que modifica a velocidade das respostas do motor e “Sport+”, que desliga o controle de estabilidade e deixa o carro somente nas mãos do condutor.

O Sandero RS incorpora a assistência eletro-hidráulica à direção,enquanto o restante da linha vem com a convencional hidráulica. O restante da lista de equipamentos tem os itens triviais, já oferecidos nas versões mais equipadas do modelo, como ar-condicionado, airbags, trio elétrico e central multimídia. Os bancos são esportivos, e o volante tem revestimento de couro.

O preço começa em R$ 58.880. O concorrente mais próximo, ao menos mecanicamente, é o Punto T-Jet, que parte de elevados R$ 68.150. Na mesma faixa de preços estão os pseudo-esportivos. O valor é apimentado. Mas nesse caso, especificamente, a pimenta é melhor que refresco.

MARRENTO E DIVERTIDO

Hora de acelerar. Perfiladas, algumas unidades do Sandero RS lembravam um grid de largada. E o visual dos carros ajudava a compor o quadro. O RS não parece nada com um “lobo em pele de cordeiro”. A marca abusou dos adereços — que nos pseudo-esportivos servem apenas de enfeites — para mostrar que aquele era mesmo o mais nervosinho da linha.

No desenho do Sandero RS — também feito sob a orientação da RenaultSport —, sobressaem os defletores dianteiros e o spoiler traseiro. No interior, as linhas gerais são iguais às dos irmãos mais pacatos. Mas revestimento em couro e o menor diâmetro do volante o deixaram mais confortável, e os envolventes bancos esportivos superam as expectativas, por segurar bem o corpo do motorista e pelas listras vermelhas e brancas.

Dada a partida, o Sandero RS exibe um ronco tímido. A direção é meio dura nas manobras em baixa velocidade. Mas logo pegamos a estrada, e o peso a mais se transforma num ponto positivo. A comunicação com as rodas transmite firmeza.

Pisar no acelerador pode assustar os desavisados. O motor responde rapidamente e proporciona arrancadas vigorosas. É fácil realizar ultrapassagens, e as retomadas são sempre seguras. O câmbio poderia ter encaixes mais precisos e um curso mais curto. Mas o escalonamento correto das relações entre as marchas compensa.

Passamos por um trecho com o asfalto castigado e sentimos as imperfeições. Mas é o preço que se paga quando a estabilidade é privilegiada. Na pista do autódromo Velo Cittá, o RS se atira nas curvas sem o menor pudor e com muita firmeza.

Aceleramos com pressão e, com o modo Sport+ ligado, o ponteiro indicou 180km/h. Até cabia mais. Mas se faltou coragem para pisar ainda mais fundo — com a curva se aproximando, e o controle de estabilidade desligado —, sobrou diversão. Essa é a maior vocação dos hatches “marrentos” e, nesse aspecto, o Sandero RS não decepciona.

Renault Sandero RS
Preço:
 R$ 58.880
Origem:
 Brasil
Motor:
 bicombustível, 16v, quatro cilindros, 1.998cm³, potência máxima de 150cv (a 5.750rpm) e torque de 20,9kgfm (a 4.000rpm)
Transmissão:
 câmbio manual de seis marchas. Tração dianteira
Suspensões:
 dianteira McPherson e traseira com barra de torção
Freios: 
a disco nas quatro, com ABS
Pneus: 
195/55 R16
Dimensões:
 4,06m de comprimento, 1,49m de altura, 1,73m de largura e 2,59m de entre-eixos
Peso:
 1.161kg
Tanque: 
50 litros
Porta-malas:
 320 litros
Desempenho:
 0-100km/h em 8 segundos e velocidade máxima de 202km/h – dados da Renault
Consumo:
 não divulgado

Fonte: http://extra.globo.com/noticias/carros-e-motos/aceleramos-renault-sandero-rs-esportivo-de-corpo-alma-17535112.html

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